EXUS, POMBAGIRAS E CIGANOS

Também conhecida como Falange do Povo Trabalhador, são os grandes mensageiros do astral. Fazem a ligação entre os diversos planos, tanto da espiritualidade como o físico. São os Grandes Guardiões de todo o nosso processo kármico enquanto estivermos encarnados. As Entidades que aqui se apresentam são chamadas de Exú, no caso de Entidade masculina, e Pombagira, no caso de Entidade feminina.

Costuma-se dizer que “sem Exú não se faz nada”. São eles que abrem os caminhos e destravam todas as encruzilhadas de nossa vida. São as Entidades que assumem uma forma mais facilmente identificada com nossa face mais oculta e essencial, sendo, por isso, sentidos tão próximos a nós.

A Falange de Exu recebe, em nossa Umbanda, a influência da força do Orixá Exú do Candomblé, no caso da tradição Nagô, ou do Inquice Pumbo Ingila, no caso da tradição de Angola. Dessas influências advém os títulos dados a essas Entidades. Assumem, dessa forma, quando utilizam um corpo astral, qualidades semelhantes às daquelas forças enquanto princípio da comunicação, da fecundidade e tudo que diz respeito ao que há de telúrico em todos nós.

Exu e Pombagira lidam magistralmente com nossas questões de cunho sexual e relacional como, por exemplo, relacionamentos afetivos, mas também empresariais ou financeiros. Como todas as Entidades, não encontram limitações em seus campos de atuação, mas podemos perceber a facilidade com a qual nos iluminam em questões bastante humanas.

Estão voltados, principalmente, para o tripé básico de sustentação de qualquer ser humano encarnado: amor, saúde e trabalho. Entendem como ninguém nossas necessidades mais básicas e todas as nossas carências. Ajudam em todo o nosso processo evolutivo enquanto estivermos encarnados. Assumem muitas vezes a forma de prostitutas ou de bêbados e malandros alinhando-se, assim, ao arquétipo do que há de mais telúrico em nossa raça humana. Vemos também, aqui, a tendência da Umbanda de santificar todos os excluídos da sociedade, nos igualando perante a Divindade. De que outra forma poderiam estabelecer uma relação direta com nossa condição humana? Não podemos, no entanto, tomar de forma limitada e preconceituosa essa roupagem e passar a achar que os seres de elevada espiritualidade que se apresentam à nossa frente seriam vagabundos ou espíritos de baixa moral. Há também a facilidade desses seres em tomar corpos muito astralizados, ou seja, carregados de muita emoção, facilitando, assim, o processo de incorporação. Quando olharem para uma Pombagira e questionarem a moral e a ética por ela demonstradas, devem buscar a correta compreensão da imagem retratada, fugindo da ignorância do cão que, deparado com seu reflexo no espelho, o ataca ou dele foge com medo.

O tridente carregado simbolicamente por Exú é o símbolo de Netuno, Poseidon e ainda de Shiva. Representa o equilíbrio das três Forças Básicas Universais. É o domínio dos quatro elementos (as três forças cósmicas e a força telúrica que vem representada pela haste). Além disto, o Tridente de Exú apresenta a Suástica na sua haste. A Suástica é o símbolo de todo o processo de vida e renovação do planeta ou de qualquer sistema e tem seu simbolismo enraizado na tradição hinduísta. É o construir e o destruir sucessivos. Concluímos, então, que Exú carrega o processo de Criação e Renovação do Mundo. Não pode, o rico simbolismo da suástica hinduísta, ceder frente aos abusos que foram cometidos por homens que a utilizaram como estandarte. O movimento nazista e neonazista assumiram a suástica para si mas suas breves décadas de mau uso não poderiam invalidar milênios de força simbólica. Aqui também temos uma forte lição: a força desses símbolos é tão marcante que não pode, o homem tomado por sentimentos pouco nobres, utilizá-los com sucesso por muito tempo.

Cabem a Eles zelar por nosso desenvolvimento material ajudando-nos a viver corretamente dentro dos parâmetros da Lei. São as Entidades mais próximas, em sua forma, ao nosso plano terrestre, no qual ocorre toda a evolução. Não se iluda o buscador menosprezando o valor do telúrico em detrimento do cósmico. Não pode saltar em direção às alturas aquele que não tem os pés bem fincados no chão, assim como a árvore mais frondosa precisa fincar-se ao solo com raízes bem profundas para não ceder ante a primeira rajada de vento. E ninguém senão os Exus são os Senhores do chão, ensinando-nos a posição que devem tomar nossos pés em nossa caminhada rumo ao Todo. Exú e Pombagira são Entidades altamente disciplinadas, jamais quebram a hierarquia, sendo de altíssima espiritualidade. São os nossos Grandes Protetores. Acodem-nos em qualquer momento e em qualquer lugar. São os grandes guardiões de nossa saúde, da nossa emoção e do nosso psiquísmo.

Não há evolução sem a força de Exú ou Pombagira. Eles têm consciência plena de todos os seus atos. São Entidades que vêm ao plano terrestre para trabalhar positivamente. Não se deixam manipular por quem quer que seja. Apresentam-se de modo incomparavelmente bonito. As imagens que são colocadas à venda não têm nada da verdadeira beleza de Exú e Pombagira, mas representam, simbolicamente, com seus chifres e os pés de bode, a dualidade do cérebro e a nossa parte mais telúrica, respectivamente. São as Entidades mais belas que existem. Não ameaçam ninguém, nem, muito menos, são “compráveis”. Não exigem nada de ninguém. Não representam o diabo cristão. Utilizam as cores preto e vermelho que são as suas cores básicas, representando o elemento terra e a qualidade da comunicação, respectivamente, podendo usar, também, as cores correspondentes ao Orixá ao qual estão ligados ou qualquer outra que se preste aos objetivos dos seus trabalhos. Sabem manipular todos os elementos, cores, sons e trabalham sempre visando o bem de toda a humanidade.

O Povo Trabalhador bifurca a sua vibração em dois tipos de energia: Encruzilhada e Kalunga. A encruzilhada manuseia a vibração em qualquer habitat da natureza, na interseção dos caminhos das praias, matas, estradas ou rios. A Kalunga dirige seus trabalhos para saúde, transformação ou transmutação. Não significa que todo Exu de Kalunga seja de Omolu ou de Nanã, Orixás que tem vibração ligada à Kalunga, os cemitérios. Dentro da linha de Kalunga temos Exús e Pombagiras de Xangô, Oxóssi, Yansã e todos os outros Orixás. O trabalho da Kalunga é mais sutil, mais interior. Já o trabalho de Encruzilhada pode ter qualquer fim. As encruzilhadas para os trabalhos dessa linha devem ser de barro, pois o asfalto funciona como isolante, prejudicando os trabalhos.

Nessa Falange temos a presença de reis, sacerdotes, padres, médicos, entre outros. Sendo a Falange mais flexível da nossa Umbanda, normalmente nela se manifestam toda sorte de Falanges que podem ainda não desenvolver um trabalho próprio mas que não poderiam ser consideradas Exus ou Pombagiras. Esses seriam os casos do Povo Cigano, da Malandragem, do Povo da Estrada, dos Marinheiros, Boiadeiros, Mineiros, Baianos, enfim, Entidades que ainda não tem um ritual voltado, em nossa Casa, exclusivamente para a sua Falange mas que assumem características próprias em relação à sua forma de trabalho e mesmo de roupagem astral. Acabam sendo englobadas na Falange de Povo Trabalhador sem prejuízo dos trabalhos, uma vez que essa Falange não estabelece uma forma rígida de trabalho e sendo, por isso, considerada a mais flexível dentro da nossa ritualística.

Origem do nome
Esú (esfera) e Pombagira (Pumbo Injila ou Bombogira) são nomes, respectivamente, do Orixá (ketu) e Inquice (Angola) cujas características de comunicação e ligações com o Plano Telúrico fizeram com que nossa Umbanda utilizasse o mesmo nome para designar Falanges cujos trabalhos têm características arquetípicas semelhantes às dessas forças da Natureza.

Mantra
Laróye Esú (Salve Exú!); Exu Mojubá! (Senhor Exu, meus respeitos!); Gira girê Pombagira!

Qualidade divina
São os senhores da comunicação e da grande plasticidade do mundo astral.

Instrumento/Insígnia
Tridente, leque, baralho seriam alguns exemplos

Astro canalizador
Mercúrio

Fase lunar
Qualquer fase lunar

Campo de ressonância
Encruzilhadas e cemitérios

Cor
Vermelho, preto, dourado

Número
1, 7 ou qualquer número par

Flores
Rosas vermelhas ou de qualquer cor, Cravos vermelhos, flores vermelhas em geral.

Essências
Cedro (Exu da Kalunga), Patchouli (Pombagira da Kalunga), Canela (Exu da Encruzilhada), Rosa vermelha ou verbena (Pombagira da Encruzilhada)

Imãs (comida)
Farofa de dendê e cachaça, alho, cebola, pimenta malagueta (Exu) ou dedo-de-moça (Pombagira)

Libação (bebida)
Cachaça (marafo), bebidas alcoólicas em geral

Metal
Ferro

Pedra
Pedra-cruz

Datas comemorativas
Todo o período do carnaval e 13 de junho

Dia da semana
Segunda-feira

Horário vibratório
21h às 6h e 12h

Exemplo de mandala
Oferecer um pote com farofa (mistura de farinha com cachaça e dendê), decorado com pimenta, rodelas de cebola e regado com dendê. Ladear com uma vela branca, vermelha ou preta. Oferecer também um copinho com cachaça